🛡️ A Autoridade da Torá e a Ilegitimidade da Substituição Cristã
🔹 A RCC, ao usurpar a identidade judaica e incitar o mundo contra o povo judeu, perfura o barco da fé, maculando a santidade da Torá e afrontando a própria essência divina contra o nosso mundo.
“Quando os amigos se sentam juntos e não se separam uns dos outros, então o Santo, bendito seja, Se regozija com eles […] Mas se houver entre eles alguém que não é reto, o grupo inteiro sofre, e não recebem as palavras corretamente até que essa pessoa seja afastada.” Zohar I, 200a, Parashat Nassô
“Qualquer um que violar os mandamentos da Torá é como se manchasse o mundo de cima, manchasse o mundo de baixo, manchasse a si mesmo e manchasse todos os mundos. Há uma alegoria sobre marinheiros que estavam navegando em um barco. Um tolo que estava entre eles se levantou e quis fazer um buraco no barco. Seu amigo lhe disse: ‘Por que você está fazendo um buraco?’ Ele respondeu: ‘O que lhe interessa? Estou perfurando debaixo de mim!’ Ele lhe disse: ‘Mas nós dois vamos nos afogar juntos no barco!’” — Zohar para Todos, Nassô, “Infidelidade contra o Senhor”, Itens 18-19
“A Torá é chamada ‘santa’, pois está escrito, ‘pois Eu, o Senhor, sou santo’. Consequentemente, aquele que se envolve nela é purificado e então santificado, como está escrito: ‘Vocês serão santos’. Não diz, ‘foram santos’, mas ‘serão santos’, serão de fato. Isto é, é uma promessa de que através da Torá você será santo.” — Zohar, Kedoshim, Item 13
📖 1. Texto Base – Devarim / Deuteronômio 17:8–11
כִּֽי־יִפָּלֵא מִמְּךָ דָבָר לַמִּשְׁפָּט בֵּין דָּם לְדָם בֵּין דִּין לְדִין בֵּין נֶגַע לָנֶגַע דִּבְרֵי רִיבֹת בִּשְׁעָרֶיךָ וְקַמְתָּ וְעָלִיתָ אֶל־הַמָּקוֹם אֲשֶׁר־יִבְחַר יְהוָה אֱלֹהֶיךָ בוֹ > Ki yippalé mimcha davar la-mishpat, bein dam le-dam, bein din le-din, bein nega la-nega, divrei rivot bish’arecha; vekamta ve’alita el-hamakom asher yivchar Hashem Eloheicha bo.
Quando alguma questão de julgamento for difícil demais para ti – entre sangue e sangue, entre veredito e veredito, entre praga e praga, controvérsias dentro de teus portões – então te levantarás e subirás ao lugar que o Eterno, teu Deus, escolher.
🧠 2. Interpretação Judaica e Haláchica
Autoridade Espiritual O texto menciona “sacerdotes levitas” (כֹּהֲנִים הַלְוִיִּם), ou seja, os cohanim (descendentes de Aharon), como responsáveis por decisões legais. Também menciona “o juiz que houver naqueles dias”, referindo-se ao Sanhedrin ou ao sistema judicial da Torá.
Obrigatoriedade de Acatar Decisões A Torá exige obediência absoluta às decisões vindas da autoridade judaica oficial do Templo. O versículo 11 ordena:
עַל־פִּי הַתּוֹרָה אֲשֶׁר יוֹרוּךָ וְעַל הַמִּשְׁפָּט אֲשֶׁר יֹאמְרוּ לְךָ תַּעֲשֶׂה לֹא תָסוּר מִן־הַדָּבָר אֲשֶׁר־יַגִּידוּ לְךָ יָמִין וּשְׂמֹאל׃ > Al-pi haTorah asher yorucha ve’al hamishpat asher yomru lecha ta’aseh; lo tasur min-hadavar asher yagidu lecha yamin usmol.
“Conforme à Torá que te ensinarem e conforme ao julgamento que te disserem, farás; não te desviarás da palavra que te disserem, nem para a direita nem para a esquerda.”
⚖️ 3. Legislação Judaica – Halachá
📘 Talmud Bavli – Sanhedrin 88b:
כל הממרה את פי בית דין – הרי זה כממרה את פי המקום > Kol ha-memare et pi Beit Din – harei zeh ke-memare et pi haMakom.
“Aquele que recusa aceitar a decisão do tribunal central é como quem recusa a palavra do próprio Deus.”
Esse ensinamento mostra que o tribunal central (Sanhedrin) atua como extensão da vontade divina em questões legais, e rejeitá-lo é equivalente a rejeitar a autoridade do Eterno.
📜 Rambam (Maimônides) – Mishné Torá, Hilchot Mamrim 1:1-4:
- A Origem da Autoridade:
מצות עשה לשמוע לבית דין הגדול ולקבל את דבריהם > Mitsvat asseh lishmoa leBeit Din haGadol ulekabel et divreihem.
“É um mandamento positivo ouvir o Beit Din Gadol e aceitar suas palavras.”
- O Perigo da Cismatização
הפורש מדבריהם הרי זה מין Haporeish midivrehem harei zeh min.
“Aquele que se separa de suas decisões é um herege (min).”
- Obediência Mesmo em Erro
“Mesmo que te digam que a direita é esquerda, e a esquerda é direita, tu ouvirás.” (Sifrei, Devarim 17:11) A base da Halachá não está na lógica individual, mas na unidade de transmissão e autoridade – um valor fundamental preservado no sistema jurídico rabínico e que qualquer ruptura invalida. “Mesmo que pareça ao indivíduo que os juízes estão em erro, é proibido agir contra suas palavras — pois a Torá nos ordenou seguir a autoridade dos nossos dias, e não a nossa própria razão.”
Essa afirmação tem peso crucial contra qualquer movimento que pretenda reinterpretar ou substituir a revelação de forma independente — como ocorreu no surgimento do Cristianismo, que rejeitou o Sanhedrin, o Templo e o sistema sacerdotal instituído pela Torá.
🧩 Aplicação Haláchica: Não é permitido elaborar novas alianças, doutrinas ou sistemas religiosos fora do domínio do Beit Din HaGadol.
A substituição de mandamentos, ou a abolição de mitsvot sob pretexto de “nova revelação”, é um crime espiritual, pois viola o princípio de “lo tasur” (não se desviarás).
O Rambam estabelece que mesmo um profeta que contradiga a Torá ou o Sanhedrin é considerado naví sheker (falso profeta) (cf. Devarim 13).
👉 Conclusão Haláchica:
A criação de qualquer sistema doutrinário ou espiritual fora da autoridade do Beit Din Gadol e dos cohanim é, à luz de Devarim 17 e da Halachá codificada, uma forma de rebelião e heresia.
❌ 4. A Ilegitimidade da Apropriação Romana
O Cristianismo e a Usurpação
O Cristianismo surge com uma proposta de “nova aliança”, não reconhecida pela Torá.
Mandamento da Torá | Prática Cristã | Violação | Argumentação Adicional |
---|---|---|---|
Consultar os levitas e o Sanhedrin | Rejeição da Halachá, substituição por apóstolos romanos | ❌ | Substituição da autoridade rabínica por figuras com influência romana. |
Julgamento no lugar escolhido (Jerusalém) | Centralização em Roma, depois Constantinopla | ❌ | Desvio do centro religioso e legal estabelecido na Torá. |
Não desviar nem para a direita nem esquerda | Substituição da Torá por Novo Testamento | ❌ | Adoção de um novo conjunto de escrituras e leis, alterando fundamentalmente a fé. |
Crença em um Messias sofredor e divino | Aceitação de um “Messias” sacrificado como D’us | ❌ | Contradiz as profecias bíblicas de um Messias terreno, vitorioso e que trará a redenção completa de Israel. |
Cumprimento das profecias messiânicas | Alegação de cumprimento de profecias | ❌ | Inúmeras profecias sobre a vinda do Messias (paz universal, reconstrução do Templo, reunião dos exilados) não se concretizaram no período do Novo Testamento. |
Unidade e singularidade de D’us | Introdução da Trindade | ❌ | Desvia do princípio fundamental do monoteísmo judaico, conforme expresso no Shemá (“Ouve, ó Israel, o Senhor é nosso D’us, o Senhor é Um”). |
🧱 5. Conclusão
O Cristianismo, como tentativa de continuidade ou substituição da Torá, é inválido de acordo com a própria Torá. A autoridade legal reside exclusivamente nos cohanim e juízes estabelecidos em Jerusalém. Qualquer doutrina que tente redefinir as leis da Torá sem esse processo é considerada heresia e rebelião contra o mandamento divino. Ou nos dias hoje, apropriação/usurpação de uma herança cultural. Uma tática de assimilação política e social para todos os povos.
📚 Fontes
- Bíblia Hebraica (Tanakh): Livro de Devarim / Deuteronômio, Capítulo 17, Versículos 8-11.
- Talmud Bavli: Tratado Sanhedrin 88b.
- Maimônides (Rambam): Mishné Torá, Hilchot Mamrim (Leis sobre os Rebeldes), Capítulos 1:1-4.
- Sifrei Devarim: Coletânea de Midrashim sobre o livro de Deuteronômio.
- Sefaria Export – Edição “Sulam Edition, Jerusalem 1945”.
- Conhecimento geral da Halachá (Lei Judaica) e história do surgimento do Cristianismo.